Simples, mas logo na entrada, um belo jardim enchia os olhos de felicidade, sem contar que pela janela um cheirinho delicioso de pão feito na hora com manteiga derretendo aguçava o paladar. Na cozinha, uma mulher pequena e linda não parava um só instante, aqui e ali, com a sua lida diária para manter a casa em ordem.
No fundo, um abacateiro era um bom ouvinte. Assistia a risos e lágrimas, poesias declamadas ao luar, de vez em quando a conjugação do verbo amar. Quando chegava às três horas aquela voz suave, mas firme chamava: " filha, o café está pronto". Acordava dos meus eternos sonhos e subia os dezesseis graus aos pulos, tão certa estava da delícia que se encontrava na mesa.
Hoje, já não existe aquela sensação de alegria, a casa não está mais completa, falta ela, a mãe que fazia um ovo virar um banquete. Mesmo assim, a saudade é um sentimento que me faz crer que a minha infância foi uma época intensa e repleta de amor.
Elaine Oliveira
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