Detalhes tão pequenos de nós dois

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sábado, 27 de agosto de 2011

Poesias concretas - José Paulo Paes

SEU METALÉXICO

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desenvolvimentir

utopiada

consumidoidos

patriotários

suicidadãos

EPITÁFIO PARA UM BANQUEIRO

negócio

ego

ócio

cio

o



quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Amor que me acalma

Não sei definir o amor
mas sei que sinto quando
me chega perto o seu perfume.

Gosto de estar assim sem
pressa...sem motivos...sem pressão
degustando da sua presença.

Amo porque faz bem ao meu coração,
amo porque o seu jeito acrescenta a minha emoção,
amo porque a vida toma sentido quando estou com você.


                                                                           Ela Oliveira

Bom dia!

Bom dia, amanheceu o dia
difícil noite, cheia de mistérios,
pensamentos marrentos, indefiníveis
sem um motivo aparente.
Bom dia, amanheceu o dia
ouço passos ligeiros para o trabalho,
essa ação que faz o homem superior
aos outros animais.

Bom dia, amanheceu o dia
a quem pertence o minuto seguinte?
Para aonde vai o caminho da felicidade
essa misteriosa sensação de frescor e calma?

                 Ela Oliveira





sexta-feira, 12 de novembro de 2010

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Poesias de Mário Quintana

Meu Quintana, os teus cantares



Não são, Quintana, cantares:


São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares...


Insólitos, singulares...


Cantares? Não! Quintanares
Quer livres, quer regulares,


Abrem sempre os teus cantares


Como flor de quintanares.
São cantigas sem esgares.


Onde as lágrimas são mares


De amor, os teus quintanares.
São feitos esses cantares


De um tudo-nada: ao falares,


Luzem estrelas luares.
São para dizer em bares


Como em mansões seculares


Quintana, os teus quintanares.
Sim, em bares, onde os pares


Se beijam sem que repares


Que são casais exemplares.
E quer no pudor dos lares.


Quer no horror dos lupanares.


Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos melhores ares,


Pois são simples, invulgares.


Quintana, os teus quintanares.
Por isso peço não pares,


Quintana, nos teus cantares...


Perdão! digo quintanares.
    ( Manuela Bandeira)
Homenagem a Quintana

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Poeminho do Contra

 

Todos esses que aí estão

Atravancando meu caminho,

Eles passarão...

Eu passarinho!

(Prosa e Verso, 1978)

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Fere de leve a frase... E esquece... Nada


Convém que se repita...

Só em linguagem amorosa agrada

A mesma coisa cem mil vezes dita.
Mario Quintana

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DO AMOROSO ESQUECIMENTO



Eu agora - que desfecho!

Já nem penso mais em ti...

Mas será que nunca deixo

De lembrar que te esqueci?
Mario Quintana - Espelho Mágico
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DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos se não fora

A mágica presença das estrelas!
Mario Quintana - Espelho Mágico
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ESPELHO


Por acaso, surpreendo-me no espelho:

Quem é esse que me olha e é tão mais velho que eu? (...)

Parece meu velho pai - que já morreu! (...)

Nosso olhar duro interroga:

"O que fizeste de mim?" Eu pai? Tu é que me invadiste.

Lentamente, ruga a ruga... Que importa!

Eu sou ainda aquele mesmo menino teimoso de sempre

E os teus planos enfim lá se foram por terra,

Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra!

Vi sorrir nesses cansados olhos um orgulho triste...
Mario Quintana

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DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem...

Estuda, a frio, o coração alheio.

Farás, assim, do mal que eles te querem,

Teu mais amável e sutil recreio...
Mario Quintana - Espelho Mágico
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DISCRIÇÃO

Não te abras com teu amigo

Que ele um outro amigo tem.

E o amigo do teu amigo

Possui amigos também...

Mario Quintana - Espelho Mágico
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DOS MILAGRES



O milagre não é dar vida ao corpo extinto,

Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo...

Nem mudar água pura em vinho tinto...

Milagre é acreditarem nisso tudo!
Mario Quintana
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Biografia de Mário Quintana

Mario de Miranda Quintana nasceu na cidade de Alegrete (RS), no dia 30 de julho de 1906, quarto filho de Celso de Oliveira Quintana, farmacêutico, e de D. Virgínia de Miranda Quintana. Com 7 anos, auxiliado pelos pais, aprende a ler tendo como cartilha o jornal Correio do Povo. Seus pais ensinam-lhe, também, rudimentos de francês.



No ano de 1914 inicia seus estudos na Escola Elementar Mista de Dona Mimi Contino.
Em 1915, ainda em Alegrete, freqüentou a escola do mestre português Antônio Cabral Beirão, onde conclui o curso primário. Nessa época trabalhou na farmácia da família. Foi matriculado no Colégio Militar de Porto Alegre, em regime de internato, no ano de 1919. Começa a produzir seus primeiros trabalhos, que são publicados na revista Hyloea, órgão da Sociedade Cívica e Literária dos alunos do Colégio.
Por motivos de saúde, em 1924 deixa o Colégio Militar. Emprega-se na Livraria do Globo, onde trabalha por três meses com Mansueto Bernardi. A Livraria era uma editora de renome nacional.
No ano seguinte, 1925, retorna a Alegrete e passa a trabalhar na farmácia de seu pai. No ano seguinte sua mãe falece. Seu conto, A Sétima Personagem, é premiado em concurso promovido pelo jornal Diário de Notícias, de Porto Alegre.
O pai de Quintana falece em 1927. A revista Para Todos, do Rio de Janeiro, publica um poema de sua autoria, por iniciativa do cronista Álvaro Moreyra, diretor da citada publicação.
Em 1929, começa a trabalhar na redação do diário O Estado do Rio Grande, que era dirigida por Raul Pilla. No ano seguinte a Revista do Globo e o Correio do Povo publicam seus poemas.
Vem, em 1930, por seis meses, para o Rio de Janeiro, entusiasmado com a revolução liderada por Getúlio Vargas, também gaúcho, como voluntário do Sétimo Batalhão de Caçadores de Porto Alegre.
Volta a Porto Alegre, em 1931, e à redação de O Estado do Rio Grande.
O ano de 1934 marca a primeira publicação de uma tradução de sua autoria: Palavras e Sangue, de Giovanni Papini. Começa a traduzir para a Editora Globo obras de diversos escritores estrangeiros: Fred Marsyat, Charles Morgan, Rosamond Lehman, Lin Yutang, Proust, Voltaire, Virginia Woolf, Papini, Maupassant, dentre outros. O poeta deu uma imensa colaboração para que obras como o denso Em Busca do Tempo Perdido, do francês Marcel Proust, fossem lidas pelos brasileiros que não dominavam a língua francesa.
Retorna à Livraria do Globo, onde trabalha sob a direção de Érico Veríssimo, em 1936.
Em 1939, Monteiro Lobato lê doze quartetos de Quintana na revista lbirapuitan, de Alegrete, e escreve-lhe encomendando um livro. Com o título Espelho Mágico o livro vem a ser publicado em 1951, pela Editora Globo.
A primeira edição de seu livro A Rua dos Cataventos, é lançada em 1940 pela Editora Globo. Obtém ótima repercussão e seus sonetos passam a figurar em livros escolares e antologias.
Em 1943, começa a publicar o Do Caderno H, espaço diário na Revista Província de São Pedro.
Canções, seu segundo livro de poemas, é lançado em 1946 pela Editora Globo. O livro traz ilustrações de Noêmia.
Lança, em 1948, Sapato Florido, poesia e prosa, também editado pela Globo. Nesse mesmo ano é publicado O Batalhão de Letras, pela mesma editora.
Seu quinto livro, O Aprendiz de Feiticeiro, versos, de 1950, é uma modesta plaquete que, no entanto, obtém grande repercussão nos meios literários. Foi publicado pela Editora Fronteira, de Porto Alegre.


Em 1951 é publicado, pela Editora Globo, o livro Espelho Mágico, uma coleção de quartetos, que trazia na orelha comentários de Monteiro Lobato.
Com seu ingresso no Correio do Povo, em 1953, reinicia a publicação de sua coluna diária Do Caderno H (até 1967). Publica, também, Inéditos e Esparsos, pela Editora Cadernos de Extremo Sul - Alegrete (RS).


Em 1962, sob o título Poesias, reúne em um só volume seus livros A Rua dos Cataventos, Canções, Sapato Florido, espelho Mágico e O Aprendiz de Feiticeiro, tendo a primeira edição, pela Globo, sido patrocinada pela Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul.
Com 60 poemas inéditos, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, é publicada sua Antologia Poética, em 1966, pela Editora do Autor - Rio de Janeiro. Lançada para comemorar seus 60 anos, em 25 de agosto o poeta é saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, que recita o seguinte poema, de sua autoria, em homenagem a Quintana:







Retrato

"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?" Cecília Meireles

Paisagem

Paisagem
Ieda